Rituais foram importantes para celebrar a passagem de um ano cheio de desafios e frustrações, mas que fortaleceu vínculos com a nossa comunidade

2020 foi o ano em que tivemos que viver o possível. Em que tivemos que cuidar do possível, para que ele resistisse às impermanências. Tivemos que nos adaptar. Muitas vezes. E nos reescrever outras tantas. Tivemos que nos desver e nos rever. Fomos caminhando e compreendendo o caminho no caminhar.

Para a Escola, não foram poucas as frustrações. Começamos o ano em obras. E não pudemos ocupar a nossa casa nova com as cores, os sons, os cheiros, os sabores e os afetos que tanto gostaríamos de ver por aqui e que nos acompanham na história da Catavento.

Mas foi um ano em que aprendemos ainda mais sobre o sentido de estar junto, estar perto (mesmo que compulsoriamente distantes) e integrar um coletivo. “Foi um ano muito desafiador. Mas apesar de todas as dificuldades e incertezas, aprendemos muito. Todas as nossas ações e propostas foram motivadas por uma força de amor que recebemos da nossa comunidade e que resignificou a nossa história”, afirma a diretora Luciana Morelli.

Viver e conviver

Nos últimos anos, a Escola vem construindo – em seus projetos pedagógicos – pontes e vínculos com a noção de coletividade. Foi assim em 2016, com o Projeto Akwaba, que promoveu uma reflexão sobre a cultura africana; em 2017, com o Projeto Oboré, que em Tupi Guarani quer dizer amigo(a); em 2018, com o projeto Eu nasci aqui, trabalho pedagógico que buscou aprofundar os sentidos de ser brasileiro(a), contribuindo para uma percepção das crianças sobre nossa origem e nossa história.

Em 2019, o trabalho teve continuidade com Projeto “Folclore Brasileiro – Resgatando a nossa cultura, compreendendo o Folclore enquanto instrumento de construção da identidade coletiva. 

Em 2020, a dança seria a linha para tecer as costuras entre todas estas pontas. Integrada ao projeto pedagógico de forma mais abrangente, como meio de expressão individual e coletiva. Em março, fomos convidadas(os) a entrar em suspensão e a repensar todo este plano.

No entanto, amparadas no espírito coletivo e ancoradas em nosso projeto original, realizamos o possível com as relações mediadas pelas telas, buscando sustentar os vínculos, promover as trocas e construir conhecimentos.

Reabertura e rituais

No segundo semestre, reabrimos para acolher as famílias que escolheram voltar. E para encerrar este ano, pensamos em rituais que poderiam marcar esta passagem, mas respeitando todos os protocolos sanitários, de saúde e cuidado coletivos.

“Não poderíamos deixar esta passagem passar sem um marco. Mesmo vivendo uma situação tão atípica, demarcar estas temporalidades é importante para as crianças e para o coletivo. Sendo assim, pensamos em atividades que poderiam ser realizadas respeitando cada grupo e cada parte de nossa comunidade envolvida em cada turminha”, explica Luciana.

O G4 teve atividade com a professora de yoga Lu Polloni, encontro e roda de conversa com a professora Alice e o sorteio do amigo secreto, além de uma oficina para a confecção do presente do(a) amigo(a). As crianças fizeram uma arte em um porta-retratos de madeira, onde colocamos uma foto do grupo. Eles(as) também montaram mini pizzas para complementar o lanche que foi oferecido pela Escola.

A turminha do G3 teve atividade com a professora de yoga Lu Polloni, um encontro e uma roda de conversa com a professora Aline, o sorteio do amigo secreto e uma oficina para a confecção do presente do(a) amigo(a). As crianças também fizeram uma arte em uma ecotela, participaram de uma gincana com a professora Aline e compartilharam um lanche oferecido pela Escola.

No Berçário 2, teve muita brincadeira e uma culinária especial! No G1, a professora Pamela fez um livrinho de parlendas para entregar para as crianças. E no G2, a professora Fátima visitou as crianças e levou um kit-lanchinho com várias merendinhas e um bolinho feito artesanalmente por ela.

 

A dose de presença possível marcou estas atividades, para o encerramento do ano e mostrou que este possível foi positivo para que pudéssemos nos olhar, para nos despedirmos juntos deste 2020, alimentando a expectativa de um 2021 mais leve.

No vídeo “Lugarzinho na Memória”, a equipe da Catavento canta a música composta pelo professor de musicalização Gustavo Araújo e diz que o vídeo não permite que vejamos o brilho no olhar. Esta parte da música traduz bem o que foi 2020: um possível que devemos agradecer, mas que nos deixa cheios de saudades do que poderia ter sido.

Mas a música também diz que nosso desejo é estar “pertinho, juntinho e ficar legal” para fazer o nosso carnaval. Esta parte da música nutre nossa esperança para desejar que em 2021 possamos seguir juntos, perto e ainda mais presentes, para compartilhar as tradicionais alegrias que fazem parte de nosso cotidiano na Catavento.

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