Turminha do G4 vive processo de aproximação com os bichinhos e passa a compreender a importância e a beleza deles para a vida em sociedade
Metamorfose. Associamos esta palavra a mudanças radicais, abruptas ou rupturas. Mas as metamorfoses estão presentes nas nossas vidas todos os dias. E podem também ser processos lentos e graduais. Elas acontecem com tudo que está vivo. E podem caracterizar não apenas um ser, mas uma relação.
Foi uma destas metamorfoses que aconteceu na turminha do G4 com o projeto de pesquisa e vivências sobre os insetos, que eles realizaram neste semestre. A professora Alice conta que antes do trabalho, alguns(mas) deles viam bichinhos no quintal ou mesmo a imagem de um inseto em um livro e isso já gerava uma comoção. “Eles(as) gritavam, diziam ter medo e nojo e queriam matar os insetos”, explica. Depois do projeto, as crianças tiveram contato com os insetos e passaram a se relacionar com eles de outra forma. “Agora, eles(as) conseguem compreender que cada bicho tem sua beleza, que cada um tem seu lugar na natureza e na sociedade e que todos se transformam”, conta a educadora.
Tudo começou com a escolha do tema do projeto em uma votação em dois turnos. As crianças tinham três opções: animais marinhos, aves ou insetos. “Achei lindo o resultado, porque toda criança tem uma relação próxima com os insetos. A proximidade se dá por serem bichos que estão no nosso dia-a-dia, mas sempre marcados por sentimentos de medo ou repulsa”, conta Alice.
Depois da votação, Alice trabalhou com uma sondagem para mapear o que as crianças sabiam sobre insetos. Elas contaram que insetos picam e são pequenos, entre outras coisas. “Percebi que elas tinham uma percepção muito empírica e a partir daí, comecei o trabalho de investigação e aproximação, para provocar que criassem com as bichos um vínculo afetivo”, lembra a professora.
Ampliando o repertório
A aproximação com o universo dos insetos se deu por meio de livros, vídeos, músicas e brincadeiras. “Brincamos de ser insetos e eles mesmos construíram suas antenas e fantasias”, conta Alice. Aos poucos, eles foram entendendo que os insetos também podem ser predadores e que tem alguns bichos que se alimentam deles na natureza. Isso foi trazendo para eles a ideia da posição dos insetos na cadeia alimentar e da importância destes bichinhos para toda vida na natureza.
Um Diário de Descobertas foi cuidadosamente confeccionado ao longo de todo este processo, com pesquisas feitas pelas crianças e suas famílias. “Na pesquisa de uma das famílias, descobrimos que os insetos estão em extinção; e na de outra, que insetos comuns aqui como a Maria Fedida ou o Louva-a-Deus existem também em outros países do mundo”, exemplifica a professora.
O livro foi apresentado na Feira Literária como produção coletiva do grupo. Para a exposição, a professora Alice montou também um insetário com contribuições que os(as) alunos(as) trouxeram ao longo do projeto e um estudo sobre fósseis, com um trabalho de impressão de insetos de borracha em placa de argila, que simula os vestígios preservados em rochas.
Vivências
Também integrou este projeto uma visita ao Museu do Inseto. “Esta turminha é muito curiosa e lá eles puderam chegar perto dos bichinhos, fazer perguntas, investigar e descobrir muitas coisas novas”, conta a diretora Adelia Morelli.
Para finalizar o projeto, a turminha e a professora fizeram uma apresentação de teatro inspirada no livro “A primavera da lagarta”, da escritora Ruth Rocha. Eles(as) apresentaram o espetáculo para todas as crianças da escola. A história fala da metamorfose da lagarta em borboleta. “A narrativa reforça aspectos que fomos descobrindo ao longo do nosso projeto, como a importância dos insetos para a natureza e para a nossa vida em sociedade; a beleza de todos eles e o cuidado que devemos ter ao olhar estes bichinhos. A princípio, eles podem gerar rejeição, mas se compreendemos o lugar deles para a nossa vida, valorizamos e criamos outra relação com eles”, conclui a professora.
Assista ao vídeo da apresentação